No mês dos Oceanos, o INESC TEC navegou por águas internacionais

Ao longo do mês de junho, foram vários os investigadores do INESC TEC que andaram a navegar por águas internacionais em representação do primeiro Centro português de Excelência em Investigação e Engenharia para o Mar, o INESCTEC.OCEAN. Em encontros, feiras, conferências e workshops, os membros da equipa do projeto promoveram as capacidades de investigação, tecnologia e engenharia oceânicas do Instituto.

A viagem do INESCTEC.OCEAN começou na Sicília. Ainda no final de maio, o investigador Alfredo Martins rumou a Patti, pequena cidade da ilha italiana, a propósito do encontro anual do projeto NETTAG+ – dedicado à prevenção e mitigação dos impactos ambientais da pesca e lixo marinho.

A estadia incluiu testes de robótica marinha junto de pescadores da comunidade local. No Golfo de Patti, um dos veículos submarinos autónomos do INESC TEC esteve em destaque: o IRIS, originalmente concebido para a recolha de material de pesca perdido.

Igualmente no âmbito do NETTAG+, Ana Paula Lima e José Miguel Almeida aterraram bem mais a norte. Em Trondheim, na Noruega, a investigadora do INESC TEC participou no 11.º workshop EMRA – European Marine Robotics and Applications -, organizado pela Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia no início de junho.

Um evento repleto de “discussões pertinentes e imbuído de um espírito colaborativo, tornando o [workshop] EMRA num momento chave para a comunidade da robótica marinha”, realça Ana Paula Lima. Já o investigador José Miguel Almeida, que coordena a área de robótica e sistemas autónomos do instituto, promoveu uma apresentação em detalhe sobre o INESCTEC.OCEAN.

Ainda na Noruega – mas mais longe do Círculo Polar Ártico -, Diogo Neves, investigador INESC TEC na área de infraestruturas marítimas, marcou presença na NOR-Shipping, um dos maiores eventos mundiais da indústria naval. Em Lillestrøm, o investigador do INESC TEC deparou-se com um ecossistema de partilha de conhecimento, de experiências e de perspetivas futuras no setor de atividade marítima, como a aquacultura offshore ou a energia eólica flutuante.

Rumo à “inovação azul colaborativa”

Regressando ao mar Mediterrâneo, os investigadores Alfredo Martins e Diana Viegas viajaram até Nice. No sul de França, participaram no congresso One Ocean Science, promovido pelas Nações Unidas e que serviu de antecâmara para a Conferência dos Oceanos da ONU, igualmente organizada nesta cidade gaulesa.

“A participação do INESCTEC.OCEAN nesta conferência foi fundamental para reforçar o seu posicionamento internacional enquanto Centro de Excelência em Engenharia Oceânica”, sublinha a Diretora Executiva do Centro de Excelência. De acordo com Diana Viegas, a presença num “evento desta escala permite aumentar o networking e criar ligações diretas com entidades de referência, investigadores de topo e decisores políticos que moldam as agendas e diretivas internacionais para o oceano”.

A investigadora não deixa de enfatizar que se trata também de uma “ocasião para comunicar a missão do INESCTEC.OCEAN e atrair o interesse de atores dos mercados nacionais e internacionais”. “Facilita a construção de consórcios, a integração em dinâmicas europeias de financiamento, a partilha de dados e a inovação azul colaborativa”, remata Diana Viegas.

Uma onda de impacto em Brest

Em direção ao noroeste francês, a comitiva de investigadores do INESC TEC foi mais robusta: Ana Paula Lima, Pedro Emanuel Guedes, Marco Amaro Oliveira, Fernando Cassola, Filipe Borges Teixeira e João Pedro Loureiro integraram a equipa do Instituto que participou nos quatro dias da conferência OCEANS, organizada pelo Sociedade de Engenharia Oceânica – IEEE.

Em Brest, o INESC TEC esteve não só presente entre os expositores de todo o mundo, como protagonizou a apresentação de diversos trabalhos debruçados sobre a investigação de tecnologias e engenharia para o mar.

Em colaboração com os projetos ILIAD – versado sobre a digitalização dos oceanos – e Terradue, Marco Amaro Oliveira e Fernando Cassola Marques, investigadores do INESC TEC nas áreas da computação centrada no humano e ciência da informação, sublinharam os mais recentes esforços no desenvolvimento de processos de implementação e interoperabilidade em serviços de digital twinning dos mares.

Da área das telecomunicações e multimédia, Filipe Borges Teixeira partilhou os resultados de estudos sobre comunicação subaquática assegurada por blockchain e redes sem fios de sistema multimodal QoS – “Quality of Service”. A concorrer na competição de pósteres, João Pedro Loureiro desvendou os testes efetuados à eficácia da SAGE, estrutura de comunicação subaquática que combina processamento de informação semântica com inteligência artificial generativa.

Já Pedro Alves Guedes, investigador na área de robótica e sistemas autónomos, apresentou um trabalho sobre sonares multifeixe baseados na geração de imagens através de comunicação acústica – uma ajuda valiosa na monitorização dos mares e deteção de lixo marinho na coluna de água.

E no Oceano Pacífico?

Mas não foi só ao largo do Atlântico que o INESCTEC.OCEAN fez ondas. Virado para o Oceano Pacífico, o projeto marcou presença na Web Summit Vancouver. No final do mês de maio, a investigadora Ana Paula Lima esteve na costa oeste do Canadá, onde se juntou a uma delegação portuguesa encabeçada pela Secretaria de Estado da Economia.

Naquela que é uma das maiores feiras de tecnologia do mundo, a investigadora demonstrou as variadas competências do INESC TEC e do projeto INESCTEC.OCEAN para o fomento da Economia Azul global. Ainda em Vancouver, Ana Paula Lima visitou o Centro de Investigação Aeroespacial da Universidade de Victoria e também teve a oportunidade de se encontrar com a equipa do Ocean Networks Canada – com quem o INESC TEC colaborou no passado. Um momento proveitoso para “estreitar os laços de cooperação e inovação” entre este observatório de investigação oceânica e o instituto.

Voando até à costa este dos Estados Unidos, Eduardo Silva, coordenador científico do INESCTEC.OCEAN, foi convidado para um painel consultivo das Nações Unidas sobre os “Oceanos e a Lei do Mar”, focado no “desenvolvimento de capacidades e a transferência de tecnologia marinha”. Na sede da ONU, em Nova Iorque, o investigador salientou a importância da “transferência de conhecimento e do fomento do capital intelectual para o desenvolvimento de capacidade” de investigação e inovação no mar.

Apresentando a capacidade instalada e projetos promovidos pelo INESC TEC, o investigador ilustrou a necessidade de uma postura ativa de “colaboração multilateral” no oceano Atlântico, assente na “observação do oceano, na diplomacia científica e em políticas sustentadas em dados”.

De volta ao Pacífico, a equipa do INESCTEC.OCEAN viajou até à “terra do sol nascente”. Em Kobe, no Japão, os investigadores Betina Neves, Pedro Guedes, Alfredo Martins e José Miguel Almeida apanharam o comboio-bala para um workshop da ISA – Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos.

Organizado em colaboração com o Centro de Exploração do Fundo Oceânico da Universidade de Kobe, o evento focou-se nas potencialidades de monitorização dos mares, no âmbito do “aproveitamento de tecnologias avançadas de proteção e uso sustentável dos fundos marinhos internacionais”.

A comitiva teve a oportunidade de demonstrar as tecnologias e competências do INESC TEC e de apresentar os mais recentes resultados de outro projeto liderado pelo Instituto: TRIDENT, focado no desenvolvimento de novas tecnologias para avaliação do impacto das atividades no fundo marinho.

Entre 10 e 12 de junho, o workshop permitiu tirar ilações relevantes sobre a monitorização futura da exploração responsável de recursos marinhos. O uso de machine learning e ferramentas de Inteligência Artificial para modelos de previsão e de interpretação e a identificação de tecnologias e estratégias para a recolha, comunicação e gestão de dados em tempo real foram alguns dos tópicos pertinentes em cima da mesa.

Entre tantas outras ações, o mês de junho – mês dos Oceanos – foi palco evidente da promoção contínua das capacidades e resultados do trabalho em I&D+I do INESC TEC e do reconhecimento e posicionamento internacionais do mais recente Centro de Excelência nacional: o INESCTEC.OCEAN.

 

Os investigadores mencionados nesta notícia têm vínculo ao INESC TEC, ao Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e à Universidade da Maia (ISMAI).

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